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UMA CANÇÃO DE NATAL
Adaptação do conto de Charles Dickens
 
PERSONAGENS
Senhor Scrooge                                                                                                     Norman                                                                                                           Mary                                                                                                                    Georgia (Senhora dos donativos)                                                            Taberneiro                                                                                                Taberneira                                                                                                   Cigana                                                                                                             Emily                                                                                                                 Garota 1                                                                                                               Garota 2                                                                                                            Garota 3                                                                                                       Espírito do Natal passado                                                                                Espírito do Natal presente                                                                          Espírito do Natal futuro                                                                                   Helen                                                                                                                          Jorge                                                                                                                            Luise                                                                                                                      Smith
 
CENA 1
Cenário inicial: Um velho escritório de notas, antiquado e mal iluminado  (Que também é a casa de Scrooge). Duas mesas, uma para o Scrooge e outra para Norman, uma poltrona antiga para descanso e um mancebo com um roupão pendurado.
1 Música de abertura – Natal                                                                              Abre luz no Centro e nas ruas
Pessoas caminham nas ruas felizes desejando “Feliz Natal”. Scrooge levanta-se de sua cadeira muito nervoso.
SCROOGE: Feliz Natal para quem?
A Música é interrompida, as pessoas saem assustadas. Apagam-se as luzes das ruas.
SCROOGE: (senta-se) Malditas contas! O Natal não passa de mais uma desculpa para vagabundo não trabalhar. Dia parado é dia de prejuízo.
NORMAN: Desculpe-me senhor Scrooge?
SCROOGE: Fale logo homem e volte ao trabalho!
NORMAN: Eu queria um pouco mais de carvão para o aquecedor, minhas mãos estão muito frias. Não consigo escrever direito...
SCROOGE: Norman, você sabe quanto custa o carvão? Muito caro, agora volte ao trabalho, aguente um pouco mais o frio, daqui a pouco iremos fechar mesmo.
Entra Mary a sobrinha de Scrooge.
MARY: Boa tarde senhor meu tio!
SCROOGE: Não vê que estamos trabalhando, o que quer aqui?
MARY: Vim lhe desejar um feliz Natal.
SCROOGE: Tolice...
MARY: Mais o que é isso meu tio?
SCROOGE: Ora Mary, que direito tem você de ser feliz.
MARY: Tenho minha família, tenho saúde...
SCROOGE: Um marido banana que te sustenta...
MARY: E que direito o senhor tem de estar tão infeliz com tanto dinheiro?
SCROOGE: Todo esse dinheiro é fruto do meu trabalho. Não fico os dias pensando em festas e futilidades como o Natal.
MARY: (desistindo) Bom, pense como quiser, não quero discutir com o senhor hoje.
SCROOGE: Ótimo, então me deixe em paz que já perdi muito tempo com você.
MARY: De qualquer forma meu tio, vim convidá-lo para o almoço de amanhã.
SCROOGE: Nada disso, tenho algumas contas a rever... Agora sou apenas eu neste escritório. Faz pouco tempo que Marley morreu, ainda não me organizei completamente...
MARY: Pobre Marley. Este sim tinha um coração bom e generoso.
SCROOGE: Era um esbanjador isso sim. Tinha uma péssima mania de fazer doações para a caridade, festas para os amigos, presentes para a família...
MARY: No entanto hoje deve descansar em paz.
SCROOGE: Não me interessa o que anda fazendo o velho Marley. Só quero continuar o meu trabalho, será que posso?
MARY: Como quiser meu tio, mas um dia irei conquistá-lo. 
SCROOGE: Vá embora e tenha uma boa tarde!
Mary vai saindo.
MARY: Feliz Natal Norman!
NORMAN: Obrigada, para a senhora também.
Ouvem-se sons de palmas. Norman atende a porta. Entra uma mulher na sala.
GEORGIA: Boa tarde!
NORMAN: Boa tarde!
GEORGIA: Gostaríamos de falara com o senhor Scrooge ou com o senhor Marley?
SCROOGE: Volte ao trabalho Norman eu cuido disso. Marley morreu há alguns meses.
GEORGIA: Perdão eu não sabia. É que o letreiro lá fora ainda traz os dois nomes.
SCROOGE: Qual o problema, não sabe quanto custa um letreiro novo? Uma pequena fortuna.
GEORGIA: O senhor me perdoe.
SCROOGE: O que quer afinal? Estou no meio do trabalho.
GEORGIA: Vim recolher donativos para o Natal dos pobres.
SCROOGE: E dai. E o que tenho com isso?
GEORGIA: Como e dai? Deixamos o natal das crianças necessitadas um pouco mais confortável. Compramos roupas, brinquedos e ainda promovemos um grande almoço. E então que quantia posso anotar em seu nome?
SCROOGE: Nenhuma.
GEORGIA: Oh, sim prefere permanecer anônimo?
SCROOGE: Prefiro que me deixem em paz. Não comemoro o Natal e não vou ajudar ninguém a comemorar também. Que absurdo... Agora com licença a porta está logo ali, passar bem.
GEORGIA: Mas senhor Scrooge...
A mulher sai.
SCROOGE: Essa é muito boa, só por conta do Natal que esta gente lembra que existem miseráveis no mundo. E o resto do ano que se dane...
NORMAN: Senhor Scrooge, já está na hora de fechar...
SCROOGE: Claro para isso você não perde o horário não é mesmo? Ah e deixe-me adivinhar, quer folgar amanhã também não é mesmo?
NORMAN: Se não for incômodo?
SCROOGE: É incômodo sim, se descontasse do seu salário você não iria gostar não é mesmo? Mas infelizmente por lei tenho que lhe dar folga amanhã. Enquanto todos se divertem eu trabalho. Apague a luz antes de sair e não chegue atrasado depois de amanhã. Eu volto logo.
NORMAN: Obrigado senhor Scrooge (Scrooge sai) Pobre coitado...
Norman sai.
2 Música de Scrooge                                                                                           Acende as luzes das ruas / Apaga luz do centro 
 
CENA 2
CENÁRIO: Uma Taberna
Apaga luz das ruas / acende foco taberna
Scrooge entra e senta-se. Uma taberneira vem atendê-lo, outra varre o chão.
TABERNEIRA 1: Boa noite senhor Scrooge, o que vai querer?
SCROOGE: O de sempre. Pão seco e um copo de água.
TABERNEIRA 1: Mais senhor, hoje é véspera de Natal, não vai querer pedir um prato especial?
SCROOGE: Sei... E este prato especial também deve vir com um preço especial também?
TABERNEIRA 1: De fato é um pouco mais caro...
SCROOGE: Pois me traga o de sempre!
SCROOGE: Como quiser.
TABERNEIRA 1: (Para a outra taberneira) Faça o de sempre para o velho.
TABERNEIRA 2: Mão-de-vaca, aposto que agora vai pedir o jornal para ler de graça.
SCROOGE: Taberneira!... O jornal.
TABERNEIRA 2: O que eu disse. (sai para buscar o pedido de Scrooge)
TABERNEIRA 1: (Entregando-lhe o Jornal) Aqui está o jornal. Não quer um copo de vinho? É bom para esquentar... É por conta da casa.
SCROOGE: Que seja...
Taberneira 2 entra com a comida e um jarro de vinho, serve Scrooge que lê o jornal e não diz nada. Entra uma cigana.
CIGANA: Boa tarde! Querem ler a sorte na noite de Natal. Nossa onde estão os fregueses?
TABERNEIRA 2: É véspera de Natal, devem estar todos com suas famílias, preparando a ceia.
CIGANA: E aquele sujeito ali.
TABERNEIRA 2: Esqueça-o, ele jamais te daria nenhum trocado.
CIGANA: Mas acho que devo insistir, ele me parece estar precisando de algum conselho, uma palavra amiga...
TABERNEIRA 1: Ao menos que queira fazê-lo de graça...
CIGANA: Aceito, quero saber o queo destino lhe reserva.
Aproxima-se de Scrooge.
CIGANA: Boa noite, posso ler a sua sorte?
SCROOGE: Minha sorte é o trabalho.
CIGANA: Mesmo assim eu insisto, é meu presente de Natal para o senhor.
SCROOGE: O que quer de verdade? As pessoas sós se aproxima de mim por causa do meu dinheiro.
CIGANA: Nem todas as pessoas são como o senhor pensa, permita-me (Pega nas mãos de Scrooge).
3 Música de premonição
CIGANA: O destino de um homem solitário é definido por suas ações. Suas posses materiais irão se multiplicar a cada dia... Mas o preço será alto em sua vida... Vejo muita dor, culpa e sofrimento... A arrogância e a desconfiança trará a tortura do remorso, mas o destino pode ser mudado... Esta noite receberá a visita de três espíritos... Espere o primeiro quando soar uma hora, o segundo virá às duas e o terceiro às três, sem a presença deles não há salvação...
SCROOGE: Quanta tolice mulher (Retirando a mão) Taberneira a conta.
TABERNEIRA 1: Aqui está, senhor Scrooge.
Scrooge levanta-se e sai.
TABERNEIRA 1: Feliz Natal para o senhor também, velho muquirana.
CIGANA: É só um pobre coitado, mas as coisas podem mudar muito esta noite...
 
CENA 3
Apaga foco da taberna / Acende foco do centro
CENÁRIO: Casa / Escritório de Scrooge. Encontra-se uma mulher escondendo em seu vestido um objeto de prata. Scrooge entra.
SCROOGE: Ainda está aqui senhora Emily?
EMILY: É dia de pagamento senhor Scrooge.
SCROOGE: Se a idade me permitisse limparia toda esta casa sozinho e não precisaria mais de seus serviços.
EMILY: Mas o senhor só me chama a cada dois meses.
SCROOGE: E já é mais que o necessário.
EMILY: Chegaram algumas cartas para o senhor, estão em cima da mesa, devem ser contas ou cartões de Natal de parentes ou amigos.
SCROOGE: Minhas contas estão todas em dia e não tenho amigos nem parentes que mandem estas baboseiras. (Pega o dinheiro dentro de um livro) Aqui está seu pagamento. Agora vá embora que preciso descansar.
EMILY: (Saindo) Velho Miserável!
 
4 Música de solidão
Scrooge coloca sua roupa de dormir e seu roupão
SCROOGE: Ótimo Scrooge! Mais um dia de trabalho promissor, agora uma boa noite de sono, e o Natal logo irá embora...
Scrooge senta-se na poltrona com um livro nas mãos, começa a ler. Rapidamente pega no sono. A música diminui. Silêncio total. Ouvem-se as badaladas da meia noite.
SCROOGE: Meia noite? Devo ter adormecido bastante, não há sinal de vidas nas ruas. Estranho... Não consigo parar de pensar na profecia da cigana. (senta-se novamente com o livro, tenta ler mas não consegue se concentrar) Já deve ser quase uma hora, e pelo que sei logo receberei a visita de um fantasma, quanta tolice.
Ouve-se a badalada de uma hora. 
5 Barulho de vento / Música de tensão
Ouvem-se risadas. Scrooge fica tenso se levanta.
SCROOGE: Quem está ai? 
FUMAÇA / Luz azul vindo da coxia
Aparece uma estranha figura vestida de branco.
ESPÍRITO 1: Boa noite velho Scrooge!
SCROOGE: Quem é você? O que quer de mim? Se veio me roubar, sou apenas um pobre velho e sozinho.
ESPÍRITO 1: Sei disso e é por isso que vim. Sou o espirito dos natais passados.
SCROOGE: Devo então estar sonhando... Não posso acreditar.
ESPÍRITO 1: Não está, e vim para levá-lo para uma viagem, não vai se arrepender.
SCROOGE: Mas já é tarde e está muito frio lá fora.
ESPÍRITO 1: Venha Scrooge, não tenha medo.
O espírito leva Scrooge pelas mãos.
 
 
CENA 4
6 Música de magia                                                                                           Apaga luz do centro / Acende foco da praça
CENÁRIO: Uma praça. O espírito e Scrooge observam tudo.
SCROOGE: Conheço este lugar, é a praça que ficava perto do meu colégio. Quanto tempo...  (Entram três moças conversando) E aquelas são as jovens que estudavam comigo.
ESPÍRITO : São apenas sombras do passado... não podem nos ver
GAROTA 1 : Feliz natal para todos!
GAROTA 2 : O mesmo para vocês
 GAROTO 3 : Felicidades! ( se abraçam )
 GAROTA 2 : Onde está Scrooge?
GAROTA 1 : Ai, nem fala o nome daquele chato, capaz dele aparecer por aqui...
GAROTA 3 : Diz odiar o natal. É um estraga festas....
GAROTA 1 : Vocês não convidaram ele pra festa, não é mesmo?
GAROTO 2 : Eu não queria, mas minha mãe me obrigou
GAROTA 3 : Não se preocupem, ele não vai aparecer, ele diz que natal é dia de gente folgada, com certeza vai passar a noite estudando.
GAROTA 1 : Ainda bem, não quero a presença dele na festa.
GAROTA 2 : Ia ser muito desagradável, ele é sensível como um cacto...
GAROTA 3 :  E doce como um limão...( riem ) 
GAROTA 1 : Vamos embora ? 
GAROTA 2 : Vamos.
( As garotas saem rindo )
SCROOGE : Não quero ver mais nada, me levem embora daqui
ESPÍRITO 1: Sinto muito Scrooge, mais ainda não posso levá-lo de volta. Ainda têm mais uma coisa que precisa ver.
( entra uma garota jovem, muito ansiosa )
ESPíRITO 1 : Reconhece aquela moça?
SCROOGE : Sim... Era minha noiva...
(entra em cena um Scrooge Jovem )
HELEN : Por quê demorou tanto?
SCROOGE J.: Ocupações.
HELEN : antes, só havia lugar para mim em seu coração, mas agora 
SCROOGE J.: Eu sempre fui o mesmo...
HELEN: Não, quando ficamos noivos você era diferente...
SCROOGE J: Eu era um jovem tolo, sem juízo... mas, o que quer de mim  afinal? Estou ficando farto de suas cobranças.
HELEN : Sinto saudades do tempo em que você era pobre. Você se deixou escravizar pelo dinheiro, pelo poder.
SCROOGE J.: Você é que está tentando me escravizar!
HELEN : O que você diz é horrível! O que te fez mudar tanto? Gostaria simplesmente me aconchegar nos braços do Scrooge, que eu conheci há tempos atrás, passar a noite de natal contigo vendo a neve cair...
SCROOGE J.: Felizmente aquele Scrooge não existe mais. E diga logo o que quer de mim de uma vez por todas.
( Pausa )
HELEN : Eu acho que está na hora de lhe devolver sua liberdade.
SCROOGE J.: Eu lhe pedi isto? 
HELEN : com palavras não, mas mudando o seu comportamento e endurecendo o seu coração. Hoje você não tentaria me conquistar, não é verdade?
SCROOGE J: Você tem a cabeça no mundo da lua, não têm os pés no chão. Sempre cheia de ilusões e fantasias de menina mimada. Sempre teve de tudo desde que nasceu, não sabe o verdadeiro valor do trabalho, do dinheiro...
HELEN : Chega! Scrooge, por favor... eu... eu quero romper o noivado...
SCROOGE J.: Adeus, então. Se é isso que você quer.
HELEN : Só espero que seja feliz na vida que escolheu.
( eles se  olham longamente, Helen sai aos prantos. Scrooge cai de joelhos, estarrecido )
SCROOGE : Por favor, me leve deste lugar horrível.
( O espírito o conduz para sua casa e o coloca sentado em sua poltrona. Scrooge adormece.)
ESPÍRITO 1 : Não se esqueça do que viu e ouviu, velho e solitário Scrooge. O tempo não volta mais, mas ainda há tempo para recomeçar.
( Espírito sai entre fumaças  - música e luz azul)
( Scrooge acorda num sobressalto )
SCROOGE : Meu Deus! O que foi isso? Tive um pesadelo, mas parecia tão real. Será que foi o vinho da taberneira?
( música, vento e fumaça azul  - badalada das duas)
SCROOGE :  Este barulho novamente... quem está aí?
( aparece o segundos espírito. Scrooge se assusta )
ESPÍRITO 2 : Olá amigo, como está?
SCROOGE : Não é possível... não era um sonho então, vocês são reais! O que querem de mim?
ESPÍRITO 2 : Eu sou o espírito do natal presente. Venha comigo para eu lhe mostrar uma coisa.
SCROOGE : Não sei se devo... já vi muitas coisas esta noite...
ESPÍRITO 2 : Noite não, há uma pequena alteração, já estamos na manhã de natal.
SCROOGE :  E o que faremos?
ESPÍRITO 2 : Faremos alguma visitas, venha
(espírito leva Scrooge pelas mãos – apaga o foco do centro e acende o foco da lateral/casa norman. Efeitos e músicas)
SCROOGE : Onde estamos?
ESPÍRITO 2 : Para o bairro mais pobre da cidade
SCROOGE : E quem mora aqui?
ESPÍRITO 2 : Você verá. Vamos ficar em silêncio.
( entra Louise e coloca a mesa do café )
LOUISE : Venha Norman! Fiz as rabanadas que você tanto gosta.
 ( entra norman )
NORMAN : ( abraça Louise ) Obrigado meu amor. ( senta-se )
LOUISE : Norman, na verdade eu tenho algo a dizer... não sei como contar mais... sei que nossa sitiação esta difícil ( pausa )É especial, por isso resolvi contar somente hoje.  

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